Sem medo de ser feliz! Vitória de Lula!
Foto: Leandro Molina – Jornal Brasil de Fato RS |
“Sem medo de ser feliz” traduz o sentimento de 50,9% da população brasileira que explodiu de alegria e ocupou as ruas das cidades do país. Uma explosão de emoção e sentimento de liberdade. As pessoas não queriam mais sair das ruas. Olhávamos nos olhos uns dos outros e a expressão era sempre a mesma, de que a festa tinha que continuar. Abraços, beijos, alegria e muita felicidade. Essa foi a expressão de uma vitória do povo sobre fascismo. Todos os setores oprimidos da sociedade nesses quatro anos de desgoverno do Bolsonaro, se encontraram e comemoraram nas ruas com muito amor e alegria. Parabéns ao povo brasileiro que encarou a luta, conquistando essa grande vitória.
A Frente Popular
Quando Lula começou a costurar a Frente Popular, oferecendo
o cargo de vice a Alckmin, que tinha acabado de sair do PSDB, nos posicionamos
contrários pois sabemos que toda Frente Popular acaba por atender aos
interesses da burguesia. Além disso, sabemos muito bem quem é Alckmin, um representante
da burguesia com várias acusações de corrupção em seu governo como a dos trens
(tremsalão) e da verba das merendas. Fora os ataques terríveis contra
trabalhadores, como na greve dos metroviários na qual agiu com dura repressão
policial e demissões de trabalhadores grevistas e também o caso da reintegração
de posse na comunidade do Pinheirinho, quando a polícia também agiu com extrema
violência promovendo um verdadeiro massacre contra os moradores. Agiu da mesma
forma contra os estudantes secundaristas em greve contra a reforma do segundo
grau.
Porém Lula e a direção do PT convenceram a maioria dos
trabalhadores que aquela aliança era necessária pois estrategicamente ajudaria
a vencer a eleição para presidente no primeiro turno dificultando um possível
golpe bolsonarista e ajudaria também a eleger Haddad para governador de São
Paulo.
Essa decisão foi uma “paulada nas pernas” da militância. Não
tem como aceitar essa aliança e sair com disposição para a luta. Lula e a
direção do PT também não fizeram esforço para a mobilização. Eles se convenceram
de que Alckmin traria muitos votos em São Paulo, mostrando a certeza da
estratégia deles.
O resultado das urnas no primeiro turno mostrou exatamente
o contrário. Lula não cresceu, ficando nos 49%, Haddad por pouco não conseguia
ir sequer para o segundo turno. Por outro lado, Bolsonaro saiu dos 35% e chegou
aos 43%. Esse foi o resultado catastrófico e mostrou o erro da estratégia da
Frente Popular.
A classe trabalhadora entra em cena
Ao perceber o perigo de mais quatro anos com o fascista no
governo, a classe trabalhadora decidiu entrar na luta. Lula trouxe os
candidatos da direita, derrotados no primeiro turno para o palanque eleitoral.
Com certeza haverá uma farta distribuição de cargos com a justificativa de que
foram essenciais para a vitória. Mas, com toda a certeza, essa vitória é da
classe trabalhadora que entrou de cabeça na campanha, deixando Alckmin e outros
golpistas de lado.
O que vimos a partir daí foram imensas manifestações pelas
ruas de todo o país, com as pessoas vestindo camisas vermelhas e usando bonés
com o símbolo do PT ou com a imagem de Lula. Vimos também muitas camisas e bonés
do MST, toalhas de banho com a imagem de Lula e muitas bandeiras do PT.
O mais incrível é que esse material não foi oferecido pelo
partido. Eram materiais eram adquiridos em barracas de vendedores ambulantes
que aproveitaram a oportunidade para melhorarem suas vendas e, quem sabe,
também apoiavam Lula.
Diante desse quadro, não fica difícil analisarmos que essa
foi uma vitória da classe trabalhadora e não da frente ampla, que se ampliou
ainda mais no segundo turno. É importante sabermos disso, pois teremos muitos
enfrentamentos daqui pra frente e a classe trabalhadora terá que saber lutar a
luta certa no momento certo.
Contra quem lutamos
Não lutamos apenas contra um adversário político. Lutamos
contra Bolsonaro e o movimento fascista consolidado por ele. Lutamos também
contra o uso da máquina do estado burguês nas eleições com a conivência do
Congresso e também contra o fundamentalismo religioso alimentado o tempo todo
pelo atual governo, inclusive com cargos no mesmo.
Bolsonaro perdeu a eleição, mas o bolsonarismo está
consolidado no país. Inclusive, acho devemos chamar as coisas pelo seu devido nome
pois o bolsonarismo nada mais é que o fascismo adaptado à atual conjuntura.
Isso deixa claro que ainda teremos uma grande tarefa pela frente que é o
combate ao fascismo, ressaltando que este nada mais é que um dos violentos
braços do capitalismo, para garantir a propriedade privada dos meios de
produção e os lucros obtidos por essa.
Como disse Bertold Brecht “o fascismo apenas
pode ser combatido como capitalismo, como a forma de capitalismo mais nua, sem
vergonha, mais opressiva e mais traiçoeira.”
Próximas lutas
A primeira luta a enfrentarmos poderá ser para garantirmos
a posse de Lula, pois a possibilidade de um golpe não está descartada. Já
começamos a ver alguns movimentos de caminhoneiros bloqueando estradas. Começou
no Paraná e Santa Catarina e já atinge 19 estados. Portanto, temos que estar
atentos e com disposição de luta. Se isso realmente acontecer, não será uma
tarefa fácil.
Isso também deixa claro para nós que poderemos ser chamados
a defender o governo contra tentativas de golpe no decorrer do mandato.
Conhecemos isso muito bem, da experiência do golpe contra o governo Dilma.
Mas, não podemos esquecer em momento algum que este será um
governo de Frente Popular e que, portanto, governará com a política de
conciliação de classes, atendendo às necessidades dos capitalistas. Outras
lutas, com certeza virão na cobrança da classe trabalhadora ao governo Lula.
Temos muitas reivindicações que não podemos abrir mão, como por exemplo a
revogação das reformas trabalhista e da previdência.
·
Revogação da Reforma Trabalhista;
·
Revogação da Reforma da Previdência,
·
Auxílio desemprego de um Salário Mínimo;
·
Planejamento para ganho real do Salário
Mínimo para que ao final do mandato o mesmo atinja o valor determinado pelo
DIEESE;
·
Fim do desemprego – retomada imediata de
todas as obras paradas e criação de novas obras para obter novos postos de
trabalho;
·
Reestatização de tudo o que foi
privatizado após o golpe de 2016;
·
Petrobras 100% estatal e sob o controle
dos trabalhadores;
·
Reforma agrária sob o controle dos
trabalhadores rurais sem-terra;
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Demarcação imediata das terras indígenas
negociada com os povos indígenas;
·
Fim da guerra às drogas;
· Fim do genocídio da população negra.
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