Petrobrás: lucros às custas do povo e da exploração dos petroleiros [1]
No ano de 2021, a Petrobrás obteve, entre as grandes petroleiras mundiais, a maior margem líquida (23,7%), resultado da divisão do lucro líquido pela receita líquida.
Em 2022, no primeiro
trimestre, a Petrobrás foi a empresa que mais lucrou com R$ 44,6 bilhões. A
origem desse lucro está em dois setores. Primeiro, no setor de exploração e
produção, que teve margem líquida – diferença entre o valor de venda do barril
e os custos de produção e encargos – de 42% em 2021. Segundo, no parque de
refino, que utiliza, desde 2016, o Preço de Paridade Internacional (PPI). O
cálculo do PPI vincula os preços dos derivados às do mercado internacional,
resultando numa margem operacional de 46%, o que eleva os preços dos
combustíveis.
Com essa política de
aumentar o lucro dos acionistas a Petrobrás abandonou a função de uma empresa
estatal para o desenvolvimento nacional: fornecer combustíveis baratos para a
população brasileira.
A prioridade é a busca de
resultados. Mas, para quem?
Bem, em 2021, os
acionistas ficaram com o lucro de R$ 101, 4 bilhões; em 2022 a Petrobrás
aprovou mais R$ 48,5 bilhões de lucros. Atualmente, esse montante é dividido entre
investidores estrangeiros (43%) e brasileiros (20,2%), enquanto a União e
BNDESPar [2] ficam com 36,8%. Noutras
palavras, o capital estrangeiro e nacional abocanha diretamente 63,2% dos
lucros.
Enquanto isso, entre 2014
e 2021, o custo com trabalhadores da Petrobrás caiu 31%. Quando se divide o
total de gastos com pessoal pelo número de trabalhadores próprios da empresa,
em 2021, chega-se ao valor de US$ 71.809 por ano para cada trabalhador – a
menor remuneração média entre as grandes petroleiras do mundo. Isso significa maior
exploração do proletariado petroleiro, que teve perdas acumuladas de 3,8% nas
negociações coletivas entre 2016 e 2021. E ainda pode piorar. Esse déficit
salarial pode aumentar ainda mais, a Petrobrás propôs apenas 5% de reajuste, o
que equivale a menos da metade da inflação acumulada nos últimos 12 meses. Além
disso, a Petrobrás é a petroleira que mais diminuiu o número trabalhadores no
mundo entre 2013 e 2021, representando uma redução de 47% no seu quadro de
funcionários.
Comparativamente, durante os governos petistas
(2003-2015) houve ganhos acumulados de 35,4%.
Diante disso, é preciso
defender o caráter estatal da Petrobrás sob o controle dos trabalhadores e
serviço do desenvolvimento nacional. Nenhum dinheiro para os investidores
estrangeiros e nacionais. Ao mesmo tempo, todo o sistema petroquímico e de
distribuição privados devem ser estatizados sem indenização.
Essa é uma reivindicação que deve constar no programa dos trabalhadores que votarão em Lula contra o golpismo e o imperialismo.
[1] Fonte: https://fup.org.br/petrobras-maior-taxa-de-lucro-e-menor-remuneracao-media-por-trabalhador-no-mundo/
[2] O BNDESPar, nome fantasia da empresa BNDES Participações S.A, é uma holding ligada ao BNDES, que atua com um fundo financeiro de investimentos privados de interesse governamentais. O BNDESPar, juntamente com FINAME e BNDES PLC, forma o sistema BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, responsável por investimentos em diversos segmentos econômicos como agricultura, indústria, infraestrutura, comércio etc.
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