65° CONAD: eleições? Que eleições?
Aos companheiros e companheiras da UECE
O 65° Conselho de Seções Sindicais do Andes-SN (65° CONAD) se reuniu neste fim de semana.
A menos de 3 meses da eleição mais importante dos últimos anos, esperava-se que o sindicato dedicasse parte do tempo deste caríssimo evento (passagens pela hora da morte em função das férias, por exemplo) a definir sua atuação em face da batalha de outubro próximo. Afinal, o que se joga neste momento é se interromperemos ou não a destruição sistemática do país, incluindo a educação e o ensino superior.
Já causara espécie a reunião do Conad na mesma data da Conferência Nacional Popular de Educação (CONAPE) que agrupou TODAS as entidades sindicais e científicas do setor, com a brava e renitente exceção do Andes-SN. Felizmente, desobedientes, várias seções sindicais do Andes-SN se fizeram presentes na CONAPE.
A diretoria não pautou as eleições. Nenhuma resolução foi apresentada sobre o assunto. Apenas docentes do Fórum Renova Andes-SN apresentaram uma proposta de dirigir ao único candidato do campo popular que pode chegar ao segundo turno, e mesmo vencer no primeiro, Lula, uma carta com as demandas da categoria.
A discussão sobre a carta foi jogada para a undécima hora do Congresso (aparentemente havia coisa mais urgente a decidir). Ao final, resolveu-se apenas delegar a diretoria a tarefa de redigir uma carta dirigida a todos os candidatos, exceto a Bolsonaro (só faltava, né?), cujo conteúdo não foi debatido. Sabe como é, o que é o destino do país e do ensino superior diante das incontáveis urgências do Andes-SN?
A proposta aprovada, ademais, dilui completamente o sentido e a força de uma carta dessas, ao reduzir a ideia ao envio da mesma a todos os candidatos, todos eles, menos Lula, sem qualquer chance de vitória ou, o que é pior, a vários que não têm nenhum compromisso com o ensino superior. Impacto próximo a zero.
Mas afinal que importância tem para o Andes-SN os anseios, dúvidas e aspirações de sua base? Os professores e professores provavelmente não darão nenhuma atenção à luta para enxotar Bolsonaro em outubro, não é mesmo?
Para coroar o total desprezo pela luta eleitoral que se avizinha, pela possibilidade concreta de enxotar Bolsonaro e barrar o caminho ao golpe com que ele ameaça, a Carta de Vitória da Conquista, cidade onde se realizou o 65° Conad (é de rigor que ao fim de cada Congresso ou Conad, o Andes-SN edite uma carta política), não menciona as eleições, salvo numa genérica passagem que diz: “o desafio de derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, que representam o retrocesso político e civilizatório que o país atravessa”. O texto porém toma o cuidado de não indicar nenhuma ação neste sentido no plano da luta eleitoral.
À pergunta feita em seu texto pelo Fórum Renova Andes, “o Andes-SN tem direito de ficar indiferente às eleições de 2022?”, o 65° CONAD parece responder: “sim”.
Provavelmente, o Andes-SN, sua direção e os 70 mil filiados têm muito mais coisas para se preocuparem do que esta bobagem de derrotar Bolsonaro nas eleições.
Ao que se nota, o Andes-SN continua no mundo paralelo onde entrou desde 2015, quando negou até o fim, e ainda hoje não reverteu esta posição, o golpe de estado que se preparava e que se efetivou em 2016.
O Andes-SN realmente é um sindicato independente…da vida, da realidade, da luta de classes. Um sindicato que parece ser literalmente de outro mundo, embora o sindicato mesmo, isto é, sua base de sindicalizados, viva é no mundo real.
Por isto não acreditamos que, na base, a categoria docente vá dar tal resposta ao momento político. Temos certeza que a maioria da categoria vai responder com luta para acabar com este governo, lançando mão no presente momento da dusputa eleitoral. Estaremos lado a lado com colegas da UECE para organizar este combate.
Abaixo imagem do texto sobre eleições aprovado pelo 61° CONAD do Andes-SN.
Eudes Baima – ex-presidente da SINDUECE, ex-diretor do Andes-SN, professor do Curso de Pedagogia da FAFIDAM/UECE
Frederico Costa – ex-diretor da SINDUECE, professor do Curso de Pedagogia da FACEDI/UECE
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