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Exposição do Ação Revolucionária Comunista (KED – Grécia) no painel: Os marxistas falam sobre o conflito entre a Rússia e o Imperialismo


Apresentação de Nikos Moraitis (aos 36:30 minutos) do KED - Vanguarda, no PAINEL: Os marxistas falam sobre o conflito entre a Rússia e o imperialismo.

1. Texto em Português.
2. Text in English.

1. Texto em Português.


Ação Revolucionária Comunista (KED – Grécia)

Olá camaradas, espero que vocês possam me ouvir claramente minha exposição e em nome da Ação Revolucionária Comunista – Vanguarda.

Gostaria de agradecer por nos convidar para a atual discussão.

É uma honra estar entre outros camaradas do mundo com a mesma postura internacionalista no contexto dos últimos acontecimentos.

Gostaria de iniciar minha palestra com um pequeno trecho da nossa história. Foi quando ocorreu a convenção de Zimmerwald com os poucos socialistas internacionais que ali participaram. Trotsky fez um pequeno comentário enquanto se dirigiam à aldeia suiça. Os internacionalistas que participaram de Zimmerwald - disse Trosky - poderia caber dentro de uma pequena carruagem puxada por cavalos. Ele estava fazendo uma brincadeira com os outros camaradas, dizendo que como a situação era absurda, que dentro de toda a II Internacional, os únicos que se mantiveram internacionalistas poderiam caber dentro de uma carruagem.

Bem, se eu pudesse fazer esse paralelo entre aquele momento e nós agora, diria que estou muito feliz por fazer parte desta carruagem digital que realizamos hoje. Então, tudo bem, deixem-me agora continuar com a parte mais séria da minha intervenção de hoje:

O problema da Ucrânia de uma perspectiva de esquerda é, na verdade, um problema de essência histórica e, portanto, política. O que eu gostaria de dizer é que o que está acontecendo agora na maioria das organizações comunistas e socialistas do mundo é que elas estão tentando projetar mecanicamente situações anteriores, do passado, no contexto dos problemas de hoje.

O que quero dizer agora é que a maioria das organizações comunistas, o que eles estão fazendo é copiar e colar a linha sobre a primeira guerra mundial. Eles dizem que a situação é a mesma, é apenas uma luta entre dois imperialismos, então diante dessa caracterização, o derrotismo seria a linha apropriada a ser defendida. Não tomariam o lado de nenhum imperialismo.

A questão é que a razão pela qual eles estão fazendo essa analogia, copiando e colando posições em realidades diferentes, é uma razão muito simplista para uma questão muito mais profunda, que é o fato de que eles estão tentando mecanicamente usar os famosos cinco critérios de Lenin para designar um país como imperialista. Portanto, o raciocínio é muito simplista de certa forma. O que eles estão dizendo é que se a Rússia tem capital financeiro, ah, a Rússia tem exportações de capital, então, logo deduzem de uma forma muito simplista, definem a Rússia como uma nação imperialista.

O problema em relação a isso é que, se tomarmos o mesmo raciocínio e o projetarmos para outras nações, também poderíamos dizer que Irã, Síria, China são imperialistas, ou mesmo o México é imperialista. E, de uma perspectiva lógica se definirmos isso, dizemos agora que o mundo inteiro está cheio de imperialistas. Então o valor interpretativo da palavra “imperialismo” perde seu valor. Porque se tudo é imperialista então nada é imperialista.

Este é o problema lógico: em nossa opinião, há uma espécie de falsificação do leninismo e a questão é que eles, as pessoas que estão usando esse tipo de raciocínio, não são verdadeiramente leninistas. De fato, os cinco critérios não são realmente usados.

O que é inerente à sua metodologia é, na verdade, uma compreensão liberal muito clássica de designar nações. O que eles estão realmente usando é a violência explícita como critério.  Então, o que eles estão dizendo, em nossa opinião é que quem invade alguém é na verdade um imperialista. E não é por acaso, as mesmas pessoas, as mesmas organizações que estão definindo agora a Rússia como imperialista, no passado, disseram que o Irã era imperialista, que a Síria realiza uma guerra imperialista contra outras nações, etc. E isso não é o essencial, mas com este critério eles estão realmente rompendo com o materialismo histórico.

Então, a questão é que esse liberalismo funciona de alguma forma como um sequestro de seu pensamento. Então, na medida em que o pensamento deles é sequestrado por esse pensamento liberal, as questões políticas que eles levantam são uma expressão esquerdista da política burguesa. Eles estão implementando a política burguesa dentro da esquerda. E por isso mesmo que esses camaradas digam o que digam, mesmo que se declarem internacionalistas, comunistas e não sei mais o que, no fundo são pela soberania, são soberanistas sociais porque o sobernaia se expressa nos momentos terríveis da existência de um sistema imperialista. Na mais problemática, a postura mais crítica de um sistema é o soberanismo verdadeiramente expresso.

Mas deixe-me continuar com a próxima parte da minha intervenção porque não basta criticar outras organizações, é muito importante definir positivamente o que é o imperialismo hoje, e tentarei fazê-lo em poucas frases. Em nossa opinião, há uma necessidade muito urgente de redefinir a aparência do mapa. É muito importante definir como o imperialismo moderno se expressa, se estrutura, etc. O ponto de vista que melhor descreve o nosso é a noção de Império. Esta é a análise histórica que fazemos. Após a Segunda Guerra Mundial, o imperialismo ocidental se uniu e criou um bloco singular, uma frente imperialista singular, que foi usada contra o comunismo e para lutar pela sobrevivência das estruturas coloniais. Neste momento, a OTAN, o FMI, o Banco Mundial, a UE, a OCDE são aspectos da estrutura deste império. O petrodólar é na verdade uma ferramenta muito forte do Império. Todos esses são mecanismos e parte das estruturas do Império. E é claro que esse império é chamado de império americano porque o governo americano é o organizador primordial desse imperialismo moderno e representa seu núcleo. Então, o que se define hoje é imperio. Não precisamos usar todos esses cinco critérios de definição. Mas quem participa desse sistema faz parte da estrutura imperialista. Assim, em nossa opinião, a UE, os Estados Unidos, o Canadá, o Japão, a Coreia do Sul, a Austrália e a Nova Zelândia são as únicas nações que só podem ser definidas hoje como imperialistas. Todos os outros não são imperialistas. E também podemos ver isso seguindo uma análise economicista muito fechada baseada na renda per capita, quem explora o mundo hoje? Claro, essas são as nações.

Assim, no contexto desta análise, o que estamos vendo agora na Ucrânia é, na verdade, parte do plano geral do Império Americano e seus representantes para exapandir sua autoridade e poder para terras ainda não conquistadas. Após a dissolução da URSS, a OTAN e os EUA têm se empenhado em tentar estabelecer revoluções laranja, grupos e invasões em toda a Terra, e nós na Grécia também experimentamos isso em nossa vizinhança ao ver a dissolução da Iugoslávia e claro, também, a revolução laranja na Síria.

Vemos a Ucrânia neste momento como o último plano do imperialismo de balcanizar um dos últimos adversários da Terra, que é a Federação Russa. Outros camaradas também já falaram sobre esta questão, mas a Rússia, por herdar da URSS este poderoso exército ainda é capaz de sobreviver, de ter algum tipo de vida política independente. Então, o que estamos vendo agora na Ucrânia é apenas o resultado da agressividade imperialista. Assim, a encenação do golpe Maidan, o fortalecimento das milícias nazistas, a reescrita da história: tudo isso faz parte do plano da OTAN de fazer com a Rússia o que fizeram com o Oriente Médio e a Iugoslávia. E eles tentaram fazer isso no passado com um conflito não muito conhecido na Chechênia e na região do Cáucaso em geral.

Muitas organizações têm dificuldades em usar esse tipo de raciocínio. Também poderíamos usar alguns outros critérios. Essas organizações reconhecem que agora tivemos quase 15.000 russófonos mortos no Donbass e na Ucrânia em geral? Isso não é definido como um genocídio? Porque o ocidente definiu como genocídio outros assassinatos em massa que foram menos horríveis do que este. Como na Bósnia, por exemplo, sim?

Então, o que estou tentando dizer é que não devemos, não temos que ficar muito bem. Também poderíamos usar o critério de Lenin do direito das nações à autodeterminação e devemos respeitar a decisão dessas populações pela autodeterminação, e os marxistas que se proclamam marxistas e não reconhecem esses critérios para essas populações são realmente soberanistas, eles estão representando os direitos de sua própria burguesia.

Então, em nossa opinião, internacionalistas, comunistas e, claro, todos os povos progressistas do mundo deveriam querer o esmagamento do inimigo. Devemos querer a queda dos militares ucranianos-nazistas, que roubaram o direito de representar o povo ucraniano. Outro fato importante é quem está lutando no Donbass ou quem está apoiando o Donbass. Não é por acaso que temos visto iranianos, pessoas da África querendo lutar na Ucrânia. Porque entendem o significado histórico e mundial dessa luta para seus próprios países. Eles estão mais conscientes das implicações globais da destruição da caça da OTAN na Ucrânia do que os internacionalistas do primeiro mundo. Essas pessoas que também podem não ser comunistas estão mais conscientes das implicações dessa questão em seu próprio país e é por isso que querem combatê-las.

Então, eu também gostaria de encerrar dizendo que essa luta também é muito significativa para nós, pessoas que estão no primeiro mundo, pessoas que fazem parte da parte privilegiada do mundo. Porque, como a história mostrou, quando os planos do imperialismo são derrotados, a derrota é internalizada. A crise se volta para dentro de casa. Não foi à toa que o maio de 1968, em nossa análise, foi produto do Vietnã, e das derrotas na Argélia, no Marrocos. Então, em nossa opinião, o melhor cenário possível seria a destruição dos nazistas da Ucrânia e das milícias da OTAN, porque isso não apenas facilitará a sobrevivência do povo de Donbass, mas também facilitará a maximização da luta de classes na Europa, no EUA, na Austrália, etc.

Isso é o que eu queria dizer. Mais uma vez, muito obrigado por nos convidar. Abraços fraternos a todos. Espero que tenhamos uma boa luta. Muito obrigado.


2. Text in English.

Communist Revolutionary Action (KED – Greece)

Hello comrades, I hope that you can hear me clearly and on behalf of the Communist Revolutionary Action – Avant-Garde I would like to say thank you for inviting us to the present discussion. It is an honour to be among other comrades in the world having the same internationalist stance on the context of the latest developments.

I would like to start my talk with a small excerpt from our history. It was when the convention of Zimmerwald took place the remaining international socialists that participated there. Trotsky made a small comment while they were going towards the village. The internationalists that participated in Zimmerwald said Trotsky could fit in inside a small horse-drawn carriage. He was making fun with the other comrades saying that how crazy it was that the whole second internationalists, the only internationalists that survived from the second international could just fit in inside a horse-drawn carriage.

Well, if I could make this parallel between this moment and us, I would say that I’m very happy to be part of this present digital carriage between us. So okay let me now continue with the more serious part of my intervention today

The problem regarding Ukraine from a left-wing perspective is actually a problem of a historical, thus political essence. What I would like to say is that what is happening right now in the majority of the communist and socialist organisations in the world is that they are trying to mechanically project previous situations, of the past, into the context of today’s problems.

What I mean right now is that most communist organizations, what they are doing is copy-pasting the line regarding the first world war and they say that the situation is the same, is just a fight between two imperialists, so defeatism is the proper line. We take no part between either imperialist.

The issue that is that the reason why they are leading to towards this very simplistic copy paste is because of a much deeper issue. Which is the fact that they are mechanically trying to use Lenin’s five famous criteria for designating a country as imperialist. So the rationale is very simplistic in a way. What they are saying is Russia has financial capital oh Russia has exports of capital so in a very simplistic way they are defining Russia as an imperialist nation.

The problem regarding that is that if we take the same rationale and project it to other nations, we could also say that Iran, Syria, China is imperialist, or even Mexico is imperialist, and from a logical perspective if we define that, we say right now that the whole the whole world is full of imperialists. Then the interpretational value of the word “imperialism” loses its value. Because if everything is imperialist then nothing is imperialist.

This logical problem: in our opinion there is a somehow like a falsification of Leninism and the issue is that they are not truly Leninists, the people who are using this kind of rationale. The five criteria are not actually used.

What is inherent in their methodology is actually a very classic liberal understanding of designating nations. what they are actually using is explicit violence as a criterion so what they are saying in in our opinion is that whoever invades anyone is actually an imperialist and it’s not by chance that the same people, the same organizations who are defining right now Russia as imperialist, in the past they have said that Iran is an imperialist, that Syria wages an imperialist war against other nations,

etc. So what we believe is that in essence there is a liberal thought of how they are designating countries an externalist, a phenomenological aspect, not an essential and with this criterion they’re actually breaking from historical materialism.

So, the issue is that this liberalism works as somehow a hijacking of their thought. So, to the extent that their thought is hijacked by this liberal thinking, the political issues that they are that they raise, are a leftist expression of bourgeois politics. They are implementing bourgeois politics in the left-wing expression. And due to that that thing even though these comrades might say that they are internationalists, communists and I don’t know what else, in essence they are sovereigntists. they are social sovereigntists because sovereigntism is expressed in in the dire moments of the existence of an imperialist system. In the most problematic, the most critical stance of a system is sovereigntism truly expressed.

But let me continue with the next part of my intervention because it’s not enough to criticize other organizations, it’s very important to positively define what is imperialism today, and I will try to do so in in a few sentences

In our opinion there is a very dire need for redefining how the map looks like. It’s very important to define how modern imperialism is expressed, is structured,

etc. The viewpoint that best describes ours is the notion of Empire. This is the historical analysis that we make. After World War II Western imperialism joined with each other and created one singular bloc, one singular imperialist front, which was used against communism, and to fight for the survival of colonial structures. Right now, NATO, the IMF, the World Bank, the EU, the OECD are aspects of the structure of this empire.

The petrodollar is actually a very strong tool of the Empire. All these are mechanisms and part of the structures of the Empire, and of course this empire is called the American empire. it’s because the American government is the primal organiser of this modern imperialism and represents its core. So, what is defined today is imperial. We don’t need to use all these five criteria of learning. But whoever participates in this system is part of the imperialist structure. So, in our opinion the EU, America, Canada, Japan, South Korea, Australia, and New Zealand are the only nations which can only be defined today as imperialist. All others are not imperialists. And we can also see that by also following a very close-minded economistic analysis by saying per capita income, who exploits the world today? Of course, these are the nations.

So, in the context of this analysis, what we are seeing right now in Ukraine is actually part of the general plan of the American Empire and its proxies to generalize its authority and power to unconquered lands. After the dissolution of the USSR, NATO and the US have been engaged in trying to establish orange revolutions, groups and invasions all over the Earth, and we in Greece have also experienced that in our close neighbourhood by seeing the dissolution of Yugoslavia, and of course the orange revolution in Syria.

We see Ukraine right now as the latest plan of imperialism of balkanizing one of the last adversaries on Earth, which is the Russian Federation. Other comrades also discussed about this part, but Russia, by inheriting from the USSR this powerful military, this is why it is still capable of surviving, of having some kind of independent political life. So, what we are seeing right now in Ukraine is only the result of imperialist aggressivity. So the staging of the Maidan coup, the strengthening of the Nazi militias, the rewriting of history: all these are part of NATO’s plan of doing to Russia what they did to the Middle East and Yugoslavia. And they tried to do that in the past with a not very well-known conflict in Chechnya, and in the Caucasus region in general.

Many organizations have a problem using this kind of rationale. We could also use some other criteria. Do these organizations recognize that right now we’ve had almost 15 000 dead Russophones in Donbass and Ukraine in general? Isn’t that defined as a genocide? Because the west defined as a genocide other mass-murders which were less gruesome than this one. Like in Bosnia for example, yes?

So, what I’m trying to say is that we should not we don’t have to get too fine. We could also use Lenin’s criterion of the right of the nations to self-determination and we should respect the decision of these populations for self-determination, and the Marxists who are proclaiming themselves as Marxists and they do not acknowledge these criteria for these populations are actually sovereign, they are representing the rights of their own bourgeoisie.

So, in our opinion internationalists, communists and of course all the progressive people of the world should want the crushing of the enemy. We should want the crashing of the Ukra-Nazi militaries, who have stolen the right to represent the Ukrainian people. Another important fact is who are fighting in Donbass or who are supporting Donbass. it is not without chance the fact that we have seen Iranians, people from Africa wanting to fight in Ukraine because they understand the historical and world significance of this fight for their own countries. They are more conscious of the global implications of the destruction of the NATO hunt in Ukraine than internationalists in the first world. These people who might also not be communists are more conscious of the implications of this issue in their own country and this is why they want to fight them.

So, I would also like to close by saying that this fight is also very significant for us, people who are in the first world, people who are part of the privileged part of the world. Because as history has shown when imperialism’s plans are defeated, then the defeat is internalised. It comes home and it’s not without chance the fact that May 68 in our analysis was a product of Vietnam, and of the defeats in Algeria, in Morocco. So, in our opinion the best possible scenario would be the destruction of the Ukraine Nazis and the NATO militias because this will not only facilitate the survival of the people of Donbass, but it will also facilitate the maximization of class struggle in Europe, in the US, in Australia, etc. This is what I wanted to say. Again, thank you very much for inviting us. Comradely regards to everyone. Hope we have a good struggle. Thank you, a lot.

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