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Viva ao reconhecimento e a defesa de Donetsk e Lugansk!

Declaração do CLQI


O Comitê de Ligação da Quarta Internacional congratula-se com o reconhecimento da independência das repúblicas de Lugansk e Donetsk, dentro de suas fronteiras originais, pelo governo russo de Vladimir Putin, após a votação na Duma na semana passada pedindo tal reconhecimento. Parece que o governo russo está determinado a defender essas repúblicas contra os ataques do regime neocolonial americano infestado de fascistas em Kiev.

Nossa tendência clama por tal reconhecimento desde 2015: eles deveriam ter sido reconhecidos concomitantemente com a Crimeia, pois a contemporização anterior de Putin encorajou a coalizão de extrema direita em Kiev a atacar e a reconquistar parcialmente essas repúblicas, reduzindo seus territórios e submetendo muito da população de língua russa na região mais ampla do leste da Ucrânia ao terror pela neocolônia ucraniana dominada pelos fascistas.

Isso faz parte de nossa defesa da Rússia, da Bielorrússia e do Cazaquistão contra o imperialismo e contra o programa de “mudança de regime” que o imperialismo dos EUA está desesperado para propagar contra a Rússia e a China.

A Nova Guerra Fria, embora tenha grandes diferenças em relação ao conflito anterior do imperialismo contra a URSS e o antigo Estado operário chinês, também tem importantes pontos em comum. Após o colapso da URSS em 1991 e a restauração do capitalismo na China pouco depois, os Estados Unidos esperavam um futuro sem limites como a única hegemonia imperialista de um mundo capitalista “unipolar”. Mas não é tão simples, pois o capitalismo restaurado nas grandes nações da Rússia e da China provou estar em desacordo com o sistema imperialista cuja pressão destruiu os estados operários. Em um mundo dominado pelo imperialismo, supõe-se que os povos subjugados façam o que lhes é ordenado, como de fato são os estados subjugados e derrotados que governam esses povos.


Mas a Rússia e a China, de maneiras diferentes, não se conformam com o mundo que os imperialistas querem dominar. Suas economias, altamente estatizadas, marcadas e moldadas por décadas de planejamento econômico, ainda dão a esses estados uma capacidade sem precedentes de agir independentemente dos imperialistas cuja dominação e pressão econômica causaram o colapso dos estados operários. As contradições dos capitalismos chinês e russo com o imperialismo ainda são conquistas residuais de cada uma das revoluções, apesar de seus atuais governos aburguesados. Um princípio básico do programa de Revolução Permanente de Trotsky era que a genuína independência nacional só poderia ser alcançada pelos povos oprimidos derrubando a burguesia. Apesar do caráter deformado daquelas revoluções (degeneração pós-1917 e 1949 desde o início), tanto a Rússia quanto a China se beneficiaram desse fato material de momentanemante expropriarem a burguesia como classe. As ditaduras proletáriasnesses países, com suas respectivas deformações, resolveram tarefas burguesas pendentes, superando parte de suas características semicoloniais. O mesmo não ocorreu em nenhuma grande ou populosa semicolonia, como Índia, Indonésia, Paquistão, Brasil, México, Nigéria, Etiópia ou Egito. Nenhum desses países conseguiu realizar suas tarefas burguesas pendentes nem deixar de serem semicolônias. Por sua vez, na Rússia e na China, países concentradores de uma massa enorme de terra, energia, tecnologia e poder militar (Rússia) e força de trabalho (China), a restauração do capitalismo não fez e não poderia fazer uma volta completa aquelas condições atrasadas e semicoloniais de 1917 e 1949.

Após de uma baixa momentânea durante o primeiro período da contrarrevolução social em seus status dentro da relação entre os estados, durante a década de 1990, as próprias contradições da economia desses países com o imperialismo obrigaram a estabelecer políticas de resistência ao parasitismo imperialista que queria apropriar-se da maior parcela da produção da mais valia do Estado chinês e drenar para seus lucros a capacidade militar e energética na Rússia. Então, Rússia e China se rebelaram contra assumir a condição de semicolônias. Paradoxalmente, as burguesias restauracionistas da Rússia e da China ainda estão se beneficiando disso e podem desprezar os Estados Unidos, a hegemonia mundial que agora está em grande declínio. Apesar da natureza burguesa dos regimes na Rússia e na China, essa contradição no capitalismo de hoje tem o potencial de criar oportunidades revolucionárias que podem ajudar o proletariado mundial a se rearmar para o socialismo mundial.

A derrota do imperialismo dos EUA pela Rússia ou China, ou uma combinação dos dois, proporcionaria uma oportunidade para a classe trabalhadora atacar independentemente por seus próprios interesses de classe. Assim como de uma maneira ligeiramente diferente, a derrota do imperialismo para uma semi-colônia seria um golpe em favor da classe trabalhadora, a derrota do imperialismo dos EUA por essas formas híbridas mais fortes de regime capitalista seria uma oportunidade, não apenas para derrotar imperialismo, mas potencialmente para fazer retroceder a contrarrevolução que roubou ao proletariado desses países o seu próprio poder estatal. Os regimes burgueses desses países estão em uma contradição insuperável, pois parte da fonte de sua capacidade de defesa contra o imperialismo tem sua base na revolução social derrubada, mas não transcendida. Portanto, Putin se apropria de forma muito visível sobre o papel dos bolcheviques na criação das condições anômalas em que seu regime é forçado a operar, enquanto na China o regime híbrido estado-capitalista dominado por uma classe de bilionários mais numerosa do que nos EUA (embora nem de longe tão rico) é forçado a manter o nome de 'comunista' e falar da boca para fora ao 'socialismo' como seu objetivo.

O reconhecimento de Lugansk e Donetsk causou apoplexia entre os imperialistas cujas provocações nas últimas semanas foram verdadeiramente bizarras, gritando repetidamente que Putin estava prestes a atacar e ocupar a Ucrânia, evacuando seus cidadãos como se esperassem uma carnificina, movendo ostensivamente suas próprias missões diplomáticas de Kiev, a capital, a Lvov, no extremo oeste da Ucrânia, etc. Eles se enganaram completamente com a resposta de Putin e estão ficando mais histéricos. Neste choro histérico, o governo alemão, sob pressão, suspendeu o acordo do gasoduto Nord Stream 2 com a Rússia para fornecer gás natural à Alemanha. Dessa forma, as sansões econômicas vão recair também sobre a própria Alemanha que passa a pagar mais caro pela energia que passaria a ser vendida pelos EUA, demonstrando o status atual da soberania do imperialismo alemão. Essa é uma capitulação aos EUA de um país que é ocupado militarmente desde 1945, uma capitulação que dá a impressão, pelo menos até agora, de um caráter humilhante e vassalo do governo alemão, acentuado pela social-democracia muito “atlanticista” do SPD. Mas isso pode não ser sustentável e, quando a poeira baixar, parece improvável que dure.

Putin não invadiu nem subjugou a Ucrânia e claramente não tem interesse em fazê-lo, como não fez na Geórgia (2009), na Síria (2016), ou no Cazaquistão (2022), apesar dessa narrativa bizarra de 'invasão' que é ainda mais surrada do que as mentiras usadas para justificar a invasão do Iraque pelos EUA/Reino Unido.

Se a Rússia não permitir que o Donbass seja recolonizado pelos nazistas de Kiev, estará desempenhando um papel progressista como fez na Síria, impedindo que o país seja barbarizado e recolonizado como aconteceu com o Iraque e a Líbia. Biden, Johnson e companhia serão julgados pela história não apenas como mentirosos, mas também como mentirosos estúpidos. O único objetivo do atual regime nacionalista é proteger a Rússia e proteger aqueles que considera seus próprios cidadãos, não tentar subjugar a população ucraniana (provavelmente) bastante entorpecida com lavagem cerebral nacionalista, o que não seria sábio do ponto de vista da a defesa da Rússia. E neste ponto a defesa racional e efetiva da Rússia coincide com o interesse da classe trabalhadora.

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