O fantasma do “terceiro período” ainda persegue setores da esquerda brasileira
O fantasma do “terceiro período” ainda persegue setores da esquerda brasileira
Frederico Costa*
Na história do movimento operário, o “terceiro período” significou uma orientação política desastrosa do stalinismo que expressou a degeneração da revolução socialista russa. De acordo com a estratégia da burocracia soviética, a luta de classes adotaria a seguinte trajetória: depois de uma primeira fase de ascenso revolucionário de 1919-1923 e de uma segunda etapa de estabilização relativa do capitalismo entre 1924-1927, a partir de 1928, abrir-se-ia um período de possibilidades revolucionárias imediatas. Tal visão arbitrária e inconsequente deteve-se em 1934, primeiro ano da ascensão do nazismo na Alemanha, e foi deixada no esquecimento pelos estrategistas stalinistas. Hoje, pouco se fala dessa aberração caiada de marxismo. No entanto, suas teses ainda se fazem presentes.
A consequência política da teoria do “terceiro período” foi mais trágica ainda e levada ao limite pelas direções stalinistas: se o período colocava a revolução na ordem do dia, logo, a garantia do domínio burguês seria garantida pela “fascistização da social-democracia internacional” com a qual os comunistas disputavam a direção do movimento operário em vários países. Nesse sentido, a derrota do “social-fascismo” (social-democracia) era uma premissa da revolução, o que levaria imediatamente os trabalhadores social-democratas desiludidos para as fileiras dos comunistas. Então, de 1928 até 1934, nas resoluções e na ação política das organizações comunistas engessadas pelo stalinismo, o combate principal foi contra o “social-fascismo”, isto é, a social-democracia, tratados como “traidores da classe operária”. O resultado clássico dessa política foi a vitória do nazismo em 1933, na Alemanha, o que não era inevitável.
Apesar dos aparatos stalinistas, tal política não foi unânime. Leon Trotsky, dirigente, juntamente com Lênin, da Revolução Russa, perseguido e desterrado da URSS por combater a contrarrevolução stalinista, lutou contra a política do “terceiro período”. Mesmo nas difíceis condições do exílio, Trotsky expressou a continuidade do programa revolucionário marxista defendendo política de frente única dos trabalhadores comunistas e social-democratas contra a ascensão do fascismo, em especial na Alemanha.
Voltando aos dias atuais, no nosso Brasil, verificamos que há, na esquerda, correntes de origem stalinista e até de coloração trotskista que negam o golpe de 2016 e, na prática, elegem Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) como os principais inimigos, os “traidores da classe operária”. Isso, quando temos um governo de extrema direita que procura destruir as conquistas sociais e democráticas dos trabalhadores de acordo com os interesses do imperialismo e da burguesia brasileira.
É preciso levar o fantasma da política stalinista do “terceiro período” de volta para o mundo dos mortos.
Na história do movimento operário, o “terceiro período” significou uma orientação política desastrosa do stalinismo que expressou a degeneração da revolução socialista russa. De acordo com a estratégia da burocracia soviética, a luta de classes adotaria a seguinte trajetória: depois de uma primeira fase de ascenso revolucionário de 1919-1923 e de uma segunda etapa de estabilização relativa do capitalismo entre 1924-1927, a partir de 1928, abrir-se-ia um período de possibilidades revolucionárias imediatas. Tal visão arbitrária e inconsequente deteve-se em 1934, primeiro ano da ascensão do nazismo na Alemanha, e foi deixada no esquecimento pelos estrategistas stalinistas. Hoje, pouco se fala dessa aberração caiada de marxismo. No entanto, suas teses ainda se fazem presentes.
A consequência política da teoria do “terceiro período” foi mais trágica ainda e levada ao limite pelas direções stalinistas: se o período colocava a revolução na ordem do dia, logo, a garantia do domínio burguês seria garantida pela “fascistização da social-democracia internacional” com a qual os comunistas disputavam a direção do movimento operário em vários países. Nesse sentido, a derrota do “social-fascismo” (social-democracia) era uma premissa da revolução, o que levaria imediatamente os trabalhadores social-democratas desiludidos para as fileiras dos comunistas. Então, de 1928 até 1934, nas resoluções e na ação política das organizações comunistas engessadas pelo stalinismo, o combate principal foi contra o “social-fascismo”, isto é, a social-democracia, tratados como “traidores da classe operária”. O resultado clássico dessa política foi a vitória do nazismo em 1933, na Alemanha, o que não era inevitável.
Apesar dos aparatos stalinistas, tal política não foi unânime. Leon Trotsky, dirigente, juntamente com Lênin, da Revolução Russa, perseguido e desterrado da URSS por combater a contrarrevolução stalinista, lutou contra a política do “terceiro período”. Mesmo nas difíceis condições do exílio, Trotsky expressou a continuidade do programa revolucionário marxista defendendo política de frente única dos trabalhadores comunistas e social-democratas contra a ascensão do fascismo, em especial na Alemanha.
Voltando aos dias atuais, no nosso Brasil, verificamos que há, na esquerda, correntes de origem stalinista e até de coloração trotskista que negam o golpe de 2016 e, na prática, elegem Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) como os principais inimigos, os “traidores da classe operária”. Isso, quando temos um governo de extrema direita que procura destruir as conquistas sociais e democráticas dos trabalhadores de acordo com os interesses do imperialismo e da burguesia brasileira.
É preciso levar o fantasma da política stalinista do “terceiro período” de volta para o mundo dos mortos.
* Professor da UECE e Coordenador do Instituto do Movimento Operário.
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